segunda-feira, 25 de agosto de 2014

UM RASCUNHO TUCANENSE


NO TÚNEL DO TEMPO                                                       


Como estou preparando a publicação de cursos que dei nos últimos dez anos, estive revisando todas as anotações que estavam no computador. Além das aulas, havia muitas crônicas e comentários de toda ordem, assuntos políticos, afetividades, críticas aos críticos, temas que apesar do passar dos anos, seguiam atuais como se tivessem sido escritos hoje. Desgraçadamente, na classe política continuam pontificando figuras de trinta anos atrás, como este da elite paulista, objeto de uma crônica escrita em 2006:

                                         UM   RASCUNHO TUCANENSE.

Há meses atrás recebi de um passarinheiro um presente bastante raro: uma grande gaiola com um casal de tucanos. A primeira impressão foi ótima. Eram uns pássaros engraçados, aqueles enormes bicos amarelos, vozes estridentes e monótonas, comendo o dia todo, sem parar, tinham habilidades circenses, pois não se contentavam em simplesmente deglutir os alimentos mas jogavam-nos para o alto e, bico bem aberto, faziam com que descessem diretamente goela abaixo.
        Mas a alegria durou pouco. Comiam e descomiam quase ao mesmo tempo; as frutas, mal entravam, já saiam, mantendo a gaiola sempre suja e mal cheirosa e os malabarismos muitas vezes mal sucedidos aumentavam a área das imundícies. Depois de uma semana de crescente arrependimento, consegui passar adiante aquele estranho casal, pondo um fim naquele incômodo de ter pássaros em gaiola, principalmente daquela natureza tão cagona.
                
 Quando o PSDB, partido para o qual trabalhei na campanha para a eleição de Fernando Henrique à prefeitura de São Paulo, adotou o tucano como símbolo, fiquei sem entender direito os motivos dessa escolha. Será que tinha algo a ver com uma campanha da VARIG montada em cima de um tucano em férias, de chapéu de palha e caniço de pesca sobre o ombro? Tudo bem, o tucano parecia divertido mas ficaria melhor num circo do que em um prédio de administração pública.
          Aliás, os tucanos sempre me pareceram ter muito bico e pouco bestunto. Pois não é que naquela campanha política de que falava acima, o nosso FH apareceu nas revistas aboletado na cadeira do Prefeito, antes mesmo das eleições, tal a certeza que tinha da vitória. Foi um fiasco memorável. Jânio Quadros, o homem da vassoura e nosso adversário, ganhou fácil  e seu primeiro ato como governante eleito foi mandar desinfetar a cadeira na qual o Tucano havia se empoleirado precipitada e indevidamente.
          Hoje eu moro no alto da Gávea, no meio do mato, e tenho uns vizinhos tucanos. Passam a berrar toda a manhã, um grasnar monótono e estridente, insuportável. O tucano é uma ave antimusical, tem um bico insaciável e, o pior de tudo, é um predador, um ladrão, um assassino. Ataca ninhos de pássaros menores e devora-lhes os filhotes. Nesta época do ano, a primavera, a gente encontra muito ninho destruído pelos tucanos. Agora, quem foi o marqueteiro que fez desse bicho o símbolo de um partido que se diz democrata e socialista, e quem o teria aprovado? PJ.
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Governador de São Paulo Geraldo Alckmin é candidato à Presidência da República pelo PSDB
Peguei a maior antipatia por tucanos. Por isso, quando penso nas eleições que se aproximam,  cheias de indecisões, prefiro votar no Mico Preto, no Urubu do Mengão, no rinoceronte  Cacareco, no macaco Tião, (aquele que jogava cocô nos visitantes do Zoológico),  mas do Tucano Alckmin e similares quero distância.

    TUCANO, ALGUMAS DEFINIÇÕES GENÉRICAS E APLICAÇÕES PRÁTICAS
GERALDO – TUCANO - ALCKMIN – subst. masc.Nome dado a candidato do PSDB para a Presidência da República. Na convenção partidária foi derrotado por José Serra, mas como era um nome para queimar, o próprio Serra, FHC e outras siglas importantes fizeram de conta que Geraldo Alckmin seria o candidato vitorioso. Aécio Neves foi dos mais empenhados na “vitória” de Alckmin pois assim não se criará nenhuma liderança nova que possa fazer sombra à sua candidatura nas próximas eleições. Aécio já se prepara para festejar a vitória de Lulalá e lançar a Linha Verde da Esperança com a aliança PSDB/PT  em torno de um nome de união nacional, o seu próprio.         

TUCANOs. m. Designação comum às aves trepadoras da família dos ranfastídeos, que se caracterizam por um grande bico, quase do tamanho do corpo (esta desproporção foi o principal fator que levou o PSDB à escolha de Geraldo Tucano Alckmin, o maior nariz dos partidários do FHC, semelhante ao do Pinoquio, quando mente). Apesar de enorme, o bico é leve e fraco (o que permite que Geraldo, coitado, possa voar sem ficar de cabeça para baixo), asas arredondadas e comprida cauda triangular. Dorme com a cabeça debaixo da asa, e cobre o dorso com a cauda (poupando-se de ver as coisas que acontecem à sua volta, principalmente à noite. No Brasil, o tucano (ramphastus vitellenus) tem a base do bico mais larga do que a cabeça e as narinas ocultas (propriedade nasal que o livra de sentir o mau cheiro à sua volta e até mesmo no seu ninho. Alimenta-se basicamente de frutas mas tem instinto predador e devora filhotes de outras aves, espécies bem menores, que Geraldo não é besta de se meter com alguém do seu tamanho.

ALGUMAS AFINIDADES TUCANAS, RANFASTÍDEAS E ALQUIMÍNICAS.

AtucanarVerbo transit. direto. (Reg. Sul) Importunar, apoquentar, irritar.
AtucanadoAdj. - Que se assemelha ao tucano, principalmente o bico: nariz atucanado. (Regional sul) Molestado, jncomodado, apoquentado, espicaçado, importunado.
Tucanarverbo - Votar com os tucanos, isto é, o PSDB, que tem essa bizarra ave como ícone.

Ranfastídeos – Família de aves trepadoras, de grande bico, à qual pertencem os tucanos.
          Uma constatação: A RANFOTECA DO GERALDO ESTÁ CADA VEZ MAIOR.
          Um Insulto: - O ALCKIMIN NÃO PASSA DE UM RELES RANFASTÍDEO!...              
                                   AINDA DO VERNÁCULO, em torno do Alckmin:
Alquime – Liga metálica qe imita o ouro, pechisbeque, ouro falso.
Alquimiado – adj. Feito de alquime, falso, adulterado, fingido.   
Alquimiarverbo trans. direto. Falsificar, adulterar, contrafazer.
Alquimin – Pechisbeque, ouro falso.
Pechisbeque = s.m. – liga de cobre e ouro, imitando ouro; ouro falso; ouropel; (do inglês pinchback.

Ai de mim, alckmin
Ai de ti, alckti, e assim por diante...

                                                               Paulo José – out 2006
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A PROPÓSITO DO AÉCIO APOIANDO SIMULTANEAMENTE O AIDEMIM E O LULALÁ.
Na vida pública brasileira vários políticos já foram queimados, fritados, enganados e, para usar uma expressão de uso corrente no sul, cristiados. Alguma coisa como ser feito de Cristo, sacrificado pela salvação de outros.
A mais perfeita cristianização política é bem conhecida em Minas, posto que a ação leva o nome de sua vítima. Cristiaram, cristianizaram o Christiano Machado, figura de proa do PSD mineiro.
Em resumo, foi assim:  
Getúlio Vargas, ditador deposto em 45, depois de cinco anos de doce exílio em São Borja, fundava o PTB e se candidatava à presidência da República em 1950. A UDN tinha seu candidato, o imaculado Brigadeiro Eduardo Gomes. E o PSD mineiro? Protásio Vargas, irmão de Getúlio, era seu fundador, junto com Tancredo Neves, um partido que não queria ser confundido com o PTB do Getúlio. Tinham de ter candidato próprio. Mas nas internas, fecharam com Vargas. O grande golpe para derrotar a UDN seria dividir para vencer.
Alguém teria de ser entregue aos leões nesse processo político. Mas quem? Não poderiam queimar o avô do Aécio, seria desperdiçar o grande conciliador, o PSD em sua essência.  Quem seria cristão, um buen Cristiano, o suficiente para aceitar a provação sem queixumes ou mágoas? A resposta estava soprando no vento: O irmão do Aníbal Machado, o tio da Maria Clara, mãe do Pluft, o Fantasminha, o tio avô do nosso ator Chico Aníbal, o honesto, o íntegro, o caráter sem jaça, Cristiano Machado, que foi candidato do PSD para o PSD votar no Getúlio ou roubar votos do Brigadeiro, pois quem quisesse votar em político de mãos limpas podia escolher entre dois: ou o Brigadeiro (solteiro, morando com as irmãs) ou o Congregado Mariano Cristiano Machado. Mas quem tinha Getúlio à mão, prá que ia querer um candidato de mãos limpas? Maquiavel devia fazer pós-graduação em Minas...
          Na época, andaram rolando de boca em boca uns versinhos meio bobinhos se ouvidos hoje mas que faziam bastante sentido para nós naqueles tempos mais inocentes:                                            
                                                     Cristiano Machado
                                             É cristão mas é um mau achado
                                          Quis cristianizar o Brasil a machado
                                             Foi ”cristiado” e não foi achado...

          Em reconhecimento por seu desprendimento e abnegação, hoje Cristiano Machado é, salvo engano, a maior avenida de Belo Horizonte, parte substancial da Linha Verde que aproximará definitivamente Minas Gerais do resto do mundo, via Aécio Neves.
          E Geraldo Aidemim, terá pelo menos um beco sem saída, uma placa em uma praça, mesmo que diga apenas “Não Pise na Grama!” ou “Cuidado, veneno para ratos!”

          O futuro dirá.                                                      Paulo José.              Out 2006.




           Copiado em 25 / 08 / 2014

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