NO
TÚNEL DO TEMPO
Como
estou preparando a publicação de cursos que dei nos últimos dez anos, estive
revisando todas as anotações que estavam no computador. Além das aulas, havia
muitas crônicas e comentários de toda ordem, assuntos políticos, afetividades,
críticas aos críticos, temas que apesar do passar dos anos, seguiam atuais como
se tivessem sido escritos hoje. Desgraçadamente, na classe política continuam
pontificando figuras de trinta anos atrás, como este da elite paulista, objeto
de uma crônica escrita em 2006:
UM
RASCUNHO TUCANENSE.
Há meses atrás recebi de um passarinheiro um presente
bastante raro: uma grande gaiola com um casal de tucanos. A primeira impressão
foi ótima. Eram uns pássaros engraçados, aqueles enormes bicos amarelos, vozes
estridentes e monótonas, comendo o dia todo, sem parar, tinham habilidades
circenses, pois não se contentavam em simplesmente deglutir os alimentos mas
jogavam-nos para o alto e, bico bem aberto, faziam com que descessem
diretamente goela abaixo.
Mas a alegria
durou pouco. Comiam e descomiam quase ao mesmo tempo; as frutas, mal entravam,
já saiam, mantendo a gaiola sempre suja e mal cheirosa e os malabarismos muitas
vezes mal sucedidos aumentavam a área das imundícies. Depois de uma semana de
crescente arrependimento, consegui passar adiante aquele estranho casal, pondo
um fim naquele incômodo de ter pássaros em gaiola, principalmente daquela
natureza tão cagona.
Quando o PSDB,
partido para o qual trabalhei na campanha para a eleição de Fernando Henrique à
prefeitura de São Paulo, adotou o tucano como símbolo, fiquei sem entender
direito os motivos dessa escolha. Será que tinha algo a ver com uma campanha da
VARIG montada em cima de um tucano em férias, de chapéu de palha e caniço de
pesca sobre o ombro? Tudo bem, o tucano parecia divertido mas ficaria melhor num
circo do que em um prédio de administração pública.
Aliás, os
tucanos sempre me pareceram ter muito bico e pouco bestunto. Pois não é que naquela
campanha política de que falava acima, o nosso FH apareceu nas revistas
aboletado na cadeira do Prefeito, antes mesmo das eleições, tal a certeza que
tinha da vitória. Foi um fiasco memorável. Jânio Quadros, o homem da vassoura e
nosso adversário, ganhou fácil e seu
primeiro ato como governante eleito foi mandar desinfetar a cadeira na qual o
Tucano havia se empoleirado precipitada e indevidamente.
Hoje eu moro
no alto da Gávea, no meio do mato, e tenho uns vizinhos tucanos. Passam a berrar
toda a manhã, um grasnar monótono e estridente, insuportável. O tucano é uma
ave antimusical, tem um bico insaciável e, o pior de tudo, é um predador, um
ladrão, um assassino. Ataca ninhos de pássaros menores e devora-lhes os
filhotes. Nesta época do ano, a primavera, a gente encontra muito ninho
destruído pelos tucanos. Agora, quem foi o marqueteiro que fez desse bicho o
símbolo de um partido que se diz democrata e socialista, e quem o teria aprovado?
PJ.
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Governador de São
Paulo Geraldo Alckmin é candidato à Presidência da República pelo PSDB
Peguei a maior antipatia por tucanos. Por isso, quando
penso nas eleições que se aproximam, cheias de indecisões, prefiro votar no Mico
Preto, no Urubu do Mengão, no rinoceronte
Cacareco, no macaco Tião, (aquele que jogava cocô nos visitantes do
Zoológico), mas do Tucano Alckmin e
similares quero distância.
TUCANO, ALGUMAS
DEFINIÇÕES GENÉRICAS E APLICAÇÕES PRÁTICAS
GERALDO – TUCANO
- ALCKMIN – subst. masc. – Nome dado a candidato do PSDB para a Presidência da
República. Na convenção partidária foi derrotado por José Serra, mas como era
um nome para queimar, o próprio Serra, FHC e outras siglas importantes fizeram
de conta que Geraldo Alckmin seria o candidato vitorioso. Aécio Neves foi dos
mais empenhados na “vitória” de Alckmin pois assim não se criará nenhuma liderança
nova que possa fazer sombra à sua candidatura nas próximas eleições. Aécio já
se prepara para festejar a vitória de Lulalá e lançar a Linha Verde da
Esperança com a aliança PSDB/PT em torno
de um nome de união nacional, o seu próprio.
TUCANO – s. m. Designação comum às aves trepadoras
da família dos ranfastídeos, que se caracterizam
por um grande bico, quase do tamanho do corpo (esta desproporção foi o principal fator que levou o PSDB à escolha de
Geraldo Tucano Alckmin, o maior nariz dos partidários do FHC, semelhante ao do
Pinoquio, quando mente). Apesar de enorme, o bico é leve e fraco (o que permite que Geraldo, coitado, possa
voar sem ficar de cabeça para baixo), asas arredondadas e comprida cauda
triangular. Dorme com a cabeça debaixo da asa, e cobre o dorso com a cauda (poupando-se de ver as coisas que acontecem
à sua volta, principalmente à noite. No Brasil, o tucano (ramphastus vitellenus) tem a base do
bico mais larga do que a cabeça e as narinas ocultas (propriedade nasal que o livra de sentir o mau cheiro à sua volta e até
mesmo no seu ninho. Alimenta-se basicamente de frutas mas tem instinto
predador e devora filhotes de outras aves, espécies bem menores, que Geraldo
não é besta de se meter com alguém do seu tamanho.
ALGUMAS AFINIDADES TUCANAS, RANFASTÍDEAS E ALQUIMÍNICAS.
Atucanar – Verbo transit.
direto. (Reg. Sul) Importunar,
apoquentar, irritar.
Atucanado – Adj. - Que se
assemelha ao tucano, principalmente o bico: nariz atucanado. (Regional sul) Molestado, jncomodado,
apoquentado, espicaçado, importunado.
Tucanar – verbo - Votar
com os tucanos, isto é, o PSDB, que tem essa bizarra ave como ícone.
Ranfastídeos – Família de aves trepadoras, de grande bico, à qual
pertencem os tucanos.
Uma
constatação: A RANFOTECA DO GERALDO
ESTÁ CADA VEZ MAIOR.
Um Insulto: - O ALCKIMIN NÃO PASSA DE UM RELES RANFASTÍDEO!...
AINDA DO VERNÁCULO, em torno do Alckmin:
Alquime – Liga metálica qe imita o ouro, pechisbeque, ouro falso.
Alquimiado – adj. Feito de
alquime, falso, adulterado, fingido.
Alquimiar – verbo trans. direto.
Falsificar, adulterar, contrafazer.
Alquimin – Pechisbeque, ouro falso.
Pechisbeque = s.m. – liga de cobre e ouro, imitando ouro; ouro falso;
ouropel; (do inglês pinchback.
Ai de mim, alckmin
Ai de ti, alckti, e assim por diante...
Paulo José – out 2006
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A PROPÓSITO DO
AÉCIO APOIANDO SIMULTANEAMENTE O AIDEMIM E O LULALÁ.
Na vida pública brasileira vários políticos já foram queimados,
fritados, enganados e, para usar uma expressão de uso corrente no sul, cristiados. Alguma coisa como ser feito de Cristo, sacrificado pela
salvação de outros.
A mais perfeita cristianização política é bem conhecida em
Minas, posto que a ação leva o nome de sua vítima. Cristiaram, cristianizaram o Christiano Machado, figura de proa do
PSD mineiro.
Em resumo, foi assim:
Getúlio Vargas, ditador deposto em 45, depois de cinco anos
de doce exílio em São Borja, fundava o PTB e se candidatava à presidência da
República em 1950. A UDN tinha seu candidato, o imaculado Brigadeiro Eduardo
Gomes. E o PSD mineiro? Protásio Vargas, irmão de Getúlio, era seu fundador,
junto com Tancredo Neves, um partido que não queria ser confundido com o PTB do
Getúlio. Tinham de ter candidato próprio. Mas nas internas, fecharam com Vargas.
O grande golpe para derrotar a UDN seria dividir para vencer.
Alguém teria de ser entregue aos leões nesse processo
político. Mas quem? Não poderiam queimar o avô do Aécio, seria desperdiçar o
grande conciliador, o PSD em sua essência. Quem seria cristão, um buen Cristiano, o suficiente para aceitar a provação sem
queixumes ou mágoas? A resposta estava soprando no vento: O irmão do Aníbal
Machado, o tio da Maria Clara, mãe do Pluft, o Fantasminha, o tio avô do nosso
ator Chico Aníbal, o honesto, o íntegro, o caráter sem jaça, Cristiano Machado,
que foi candidato do PSD para o PSD votar no Getúlio ou roubar votos do
Brigadeiro, pois quem quisesse votar em político de mãos limpas podia escolher
entre dois: ou o Brigadeiro (solteiro, morando com as irmãs) ou o Congregado
Mariano Cristiano Machado. Mas quem tinha Getúlio à mão, prá que ia querer um
candidato de mãos limpas? Maquiavel devia fazer pós-graduação em Minas...
Na época, andaram rolando de boca em boca
uns versinhos meio bobinhos se ouvidos hoje mas que faziam bastante sentido
para nós naqueles tempos mais inocentes:
Cristiano Machado
É
cristão mas é um mau achado
Quis
cristianizar o Brasil a machado
Foi
”cristiado” e não foi achado...
Em
reconhecimento por seu desprendimento e abnegação, hoje Cristiano Machado é,
salvo engano, a maior avenida de Belo Horizonte, parte substancial da Linha
Verde que aproximará definitivamente Minas Gerais do resto do mundo, via Aécio
Neves.
E Geraldo Aidemim, terá pelo menos um
beco sem saída, uma placa em uma praça, mesmo que diga apenas “Não Pise na
Grama!” ou “Cuidado, veneno para ratos!”
O futuro
dirá.
Paulo José. Out 2006.
Copiado em
25 / 08 / 2014
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